Rio de Janeiro, 6 jan (Xinhua) -- Um soldado israelense que estava de férias no Brasil e estava sendo investigado por ordem de uma juiza brasileira por supostos crimes de guerra contra a população civil palestina na Faixa de Gaza, deixou o país e foi para a Argentina, informou a imprensa local com base em informações do governo de Israel.
Trata-se de Yuval Vagdani, de 21 anos, que passava férias nas praias de Morro de São Paulo, na Bahia (nordeste), e recebeu pedido de investigação da juíza Raquel Soares Charelli, que decidiu colocar a Polícia Federal no comando do caso.
O argumento é que o Brasil é signatário de tratados internacionais contra crimes de guerra e pode realizar investigações contra os autores desses crimes, mesmo que tenham sido cometidos fora do território nacional.
De acordo com as informações, o soldado Vagdani deixou o Brasil em voo comercial desde Salvador, capital da Bahia, com destino a Buenos Aires, Argentina, que teria partido sábado ou neste domingo.
Segundo a mídia brasileira, um comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que sua embaixada em Brasília prestou apoio ao soldado "garantindo sua saída rápida e segura".
A denúncia contra o soldado tinha sido apresentada em dezembro, quando foi detectada a presença do israelense no Brasil, por advogados locais contratados pela Fundação Hind Rajab (HRF por sua sigla em inglês), instituição sediada na Bélgica e que atua internacionalmente denunciando crimes contra a humanidade, crimes de guerra e violações de direitos humanos cometidos na Palestina.
De acordo com a petição, o soldado é acusado de participar da demolição de um quarteirão residencial em Gaza, em dezembro passado, utilizando explosivos fora de situações de combate, em meio a uma campanha sistemática "de destruição" perpetrada pelo 432º Batalhão das Brigadas Givati, na Faixa de Gaza.
"Esses atos fazem parte de um esforço mais amplo para impor condições de vida insuportáveis aos civis palestinos, o que constitui genocídio e crimes contra a Humanidade segundo o direito internacional", afirmou a HRF.
Segundo o site da revista Carta Capital, questionada, a chancelaria brasileira não comentou o caso e recomendou que se procurasse o Ministério da Justiça por se tratar de uma "investigação judicial".