Comentário: De "América Primeiro" para "Somente América" - o que as disputas tarifárias americanas dizem ao mundo-Xinhua

Comentário: De "América Primeiro" para "Somente América" - o que as disputas tarifárias americanas dizem ao mundo

2025-04-04 13:03:01丨portuguese.xinhuanet.com

Presidente dos EUA, Donald Trump, caminha em direção ao South Lawn para embarcar no Marine One na Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 21 de março de 2025. (Xinhua/Hu Yousong)

Quando a maior economia do mundo prioriza seus próprios interesses em detrimento do bem comum, as repercussões ultrapassam fronteiras e gerações.

Por Xin Ping

Beijing, 2 abr (Xinhua) -- Graças aos Estados Unidos, "tarifa" virou uma das palavras mais em alta na política internacional.

Em rápida sucessão, a Casa Branca anunciou tarifas de 25% sobre todo aço e alumínio importados, colocou mais tarifas sobre importações chinesas e ameaçou tarifas recíprocas contra todos os parceiros comerciais estrangeiros. Essas ações provocaram oposição imediata e quase unânime da comunidade internacional, com muitos países prometendo contramedidas enquanto lutam para entender os objetivos subjacentes por trás dessas políticas.

Ainda mais desconcertante para os formuladores de políticas fora da América do Norte é que as políticas atingem mais duramente o Canadá e o México, com ambos sujeitos a tarifas de 25% sem isenções. Isso levanta a dúvida: o que aconteceu com décadas de cooperação entre vizinhos? Essas medidas atendem aos interesses americanos, como os políticos alegaram?

A resposta definitivamente é não.

Nota de quinhentos pesos mexicanos é retratada com notas de cem dólares americanos na Cidade do México, México, no dia 4 de março de 2025. (Xinhua/Li Muzi)

 

PARCERIA TRILATERAL DESTRUÍDA

Por décadas, a parceria trilateral entre os Estados Unidos, o Canadá e o México promoveu redes profundamente integradas em todos os setores econômicos, impulsionando o crescimento sustentado em todas as três nações.

Confira as estatísticas: em 2024, mais de 80% das exportações do México foram destinadas aos Estados Unidos. Nos três primeiros trimestres, o comércio bilateral entre os Estados Unidos e o México totalizou cerca de 630 bilhões de dólares americanos, respondendo por um recorde de 15,9% do comércio exterior dos EUA. Para o Canadá, 75% de suas exportações foram direcionadas para o sul, com petróleo bruto e gás natural ocupando uma parcela significativa. Por outro lado, 18% das exportações dos EUA foram para o Canadá.

O setor automotivo é a prova mais convincente dessa interdependência. Forjada sob o Acordo de Livre Comércio da América do Norte e moldada ainda mais pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá, a indústria automobilística da América do Norte opera como uma cadeia de produção intrinsecamente interconectada, com componentes cruzando fronteiras várias vezes antes da montagem final. Dados oficiais mostram que em 2024, o México produziu um número recorde de quase 4 milhões de veículos leves, com a maioria destinada aos Estados Unidos. De janeiro a novembro de 2024, os Estados Unidos importaram 87 bilhões de dólares em veículos e 64 bilhões de dólares em autopeças do México. O Canadá também exportou cerca de 90 bilhões de dólares em autopeças para os Estados Unidos em 2024.

Para simplificar: recursos canadenses, mão de obra mexicana e capital/tecnologia americana = fórmula econômica de ouro da América do Norte.

Placa "Compre Produtos Canadenses" é vista em supermercado em Vancouver, British Columbia, Canadá, no dia 4 de março de 2025. (Foto por Liang Sen/Xinhua)

 

"SOMENTE AMÉRICA"

Apesar dos claros benefícios dessa relação simbiótica, os Estados Unidos parecem determinados a desmantelá-la, sob o slogan populista de "trazer nosso dinheiro de volta".

No entanto, isso é falho e moralmente questionável. De acordo com um think tank canadense, uma tarifa de 25% pode resultar em um declínio de 5 a 8% nas exportações dos EUA para o Canadá, e uma queda ainda mais substancial de 10 a 15% no sentido inverso. Embora esses números possam parecer abstratos, os impactos reais são sentidos diretamente pelas pessoas comuns: fábricas dependentes do comércio internacional demitem trabalhadores quando os pedidos caem.

As implicações das disputas tarifárias em andamento vão muito além da América do Norte. Além das perdas imediatas, as tarifas prejudicam a previsibilidade econômica internacional e colocam em risco a competitividade a longo prazo.

Se as redes econômicas transfronteiriças na América do Norte, meticulosamente construídas ao longo de 30 anos e comprovadamente benéficas para todos os três países, pudessem ser desmanteladas por uma simples ordem executiva, o que aconteceria com outros compromissos comerciais bilaterais e multilaterais que os Estados Unidos têm? Os Estados Unidos ainda são um parceiro econômico confiável? O mundo deveria se preparar para um Estados Unidos que pratica não apenas "América Primeiro", mas "Somente América"?

Pessoas passam por placa mostrando taxa de câmbio do dólar em uma agência bancária na Cidade do México, México, no dia 4 de março de 2025. (Foto por Francisco Canedo/Xinhua)

 

O MUNDO ESTÁ OBSERVANDO

A comunidade internacional agora está examinando de perto as novas políticas comerciais de Washington, tentando entender as reais intenções por trás delas. Cada aumento de tarifa revela um paradoxo: conforme os Estados Unidos exercem cada vez mais seus instrumentos de política comercial, ​​inadvertidamente corrói a própria confiança necessária para soluções multilaterais significativas.

Esse ciclo autodestrutivo transforma ferramentas comerciais temporárias em déficits de credibilidade de longo prazo, deixando outros países, até mesmo seus próprios aliados, questionando se o nacionalismo transacional substituiu irrevogavelmente o internacionalismo visionário.

Quando a maior economia do mundo prioriza seu próprio interesse sobre o bem comum, as repercussões transcendem fronteiras e gerações. É por isso que países ao redor do mundo examinam as crescentes disputas comerciais na América do Norte com a respiração suspensa: no mundo hiperconectado de hoje, a prosperidade sustentada exige mais do que apenas pensamento nacionalista.

O antigo ditado de "amar o próximo como a si mesmo" continua sendo um imperativo econômico moderno.

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