Beijing, 4 abr (Xinhua) -- O mundo está se aproximando de tempos dolorosos com a chegada das chamadas "tarifas recíprocas" da administração dos EUA. É uma realidade inegável que os Estados Unidos estão descaradamente exercendo hegemonia em uma tentativa de garantir seus interesses, mas essas medidas podem acabar saindo pela culatra.

Para seus principais parceiros comerciais, o entusiasmo dos EUA por tarifas não é novidade. As evidências mais recentes sugerem que a administração dos EUA imporá uma "tarifa de base mínima" de 10% e taxas ainda mais altas a certos parceiros comerciais.

De alguma forma, a flagrante prática de intimidação de Washington indica o nervosismo e a ansiedade crescentes da administração dos EUA em relação à manutenção de sua posição de superioridade em um mundo cada vez mais globalizado. No entanto, é ridículo que os Estados Unidos optem pelo protecionismo em vez de abraçar a tendência dos tempos. Jogar o "cartão tarifário" é um jogo perda-perda que também prejudica os próprios Estados Unidos.

Se a administração dos EUA seguir com seus planos tarifários, isso elevará ainda mais os níveis tarifários, que já são os mais altos do país nas últimas décadas. Os principais economistas dos EUA alertaram sobre os altos custos de implementação e expressaram coletivamente preocupações sobre graves consequências - como preços ao consumidor mais altos, inflação crescente, aumento do desemprego e até mesmo uma recessão econômica.

De acordo com um estudo da Universidade de Yale, as tarifas recíprocas gerarão nos Estados Unidos um aumento de 2,1% no nível de preços, caso outros países optem por retaliar. Isso equivale a uma perda de US$ 2.700 a US$ 3.400 por família, em média. Enquanto isso, o crescimento econômico geral dos EUA cairá 1 ponto percentual em 2025.

Notavelmente, a economia ocidental clássica destaca os benefícios do livre comércio e da divisão do trabalho. Os Estados Unidos deveriam saber que nunca poderão retornar às extremidades primárias da cadeia global de suprimentos em todos os setores. O que a administração dos EUA está fazendo vai contra as leis econômicas básicas.

Não é possível para os Estados Unidos negarem que se beneficiaram muito do livre comércio e de um sistema de comércio multilateral. Afinal, esse sistema reduziu substancialmente o custo de vida e elevou os padrões de vida das pessoas nos Estados Unidos nas últimas décadas.

As tarifas causarão danos em todos os setores. A retaliação é quase certa e provavelmente considerável. Ao anunciar o chamado esquema de "tarifas recíprocas", a administração dos EUA está desferindo um duro golpe no sistema de comércio mundial e na economia global em geral.

Por exemplo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em sua última Perspectiva Econômica, prevê que o crescimento do PIB global deve moderar para 3,1% em 2025 e 3% em 2026. A OCDE também está alertando que barreiras comerciais mais altas e mais amplas afetarão negativamente o crescimento em todo o mundo e aumentarão a inflação.

Qualquer tentativa de conter os fluxos comerciais na aldeia global sairá pela culatra. O protecionismo descontrolado tem o potencial muito real de desencadear guerras comerciais, com consequências catastróficas para todas as partes envolvidas, ao mesmo tempo que desestabiliza a economia global. Um ambiente empresarial estável e previsível não deve ser um luxo. É uma necessidade para um crescimento econômico global saudável. O diálogo igualitário é a única abordagem viável para resolver disputas comerciais, enquanto as tarifas intimidadoras pioram as coisas.

Construir um mundo melhor requer arquivar a obsessão com tarifas e buscar um desenvolvimento compartilhado baseado na abertura e cooperação.