* Moon Hyung-bae, chefe interino do Tribunal Constitucional, anunciou a decisão unânime de todos os oito juízes, que reconheceram que Yoon "violou a Constituição e as leis ao mobilizar forças militares e policiais para obstruir o exercício da autoridade legislativa".
* O jornal Chosun Ilbo observou que os conflitos ideológicos, e não as disparidades regionais ou econômicas, se tornaram o principal obstáculo à unidade social da Coreia do Sul.
* Após a destituição de Yoon, a Coreia do Sul deve realizar uma eleição presidencial antecipada em 60 dias. Atualmente, o principal candidato é Lee Jae-myung, do Partido Democrático da Coreia, da oposição, embora ainda haja incertezas.
Yoon Suk-yeol participa de uma audiência de seu julgamento de impeachment no Tribunal Constitucional em Seul, Coreia do Sul, em 20 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Yao Qilin)
Seul, 4 abr (Xinhua) -- Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional da Coreia do Sul destituiu o presidente Yoon Suk-yeol do cargo ao confirmar seu impeachment pela Assembleia Nacional.
O líder conservador se tornou o segundo presidente em exercício do país a ser removido à força do poder, após a destituição da ex-presidente Park Geun-hye por impeachment em 2017.
Yoon também se tornou o terceiro presidente a sofrer impeachment pela Assembleia Nacional. O falecido presidente liberal Roh Moo-hyun foi acusado pela legislatura em 2004, mas depois foi reintegrado.
A DECISÃO
Moon Hyung-bae, chefe interino do Tribunal Constitucional, anunciou a decisão unânime de todos os oito juízes, que reconheceram que Yoon "violou a Constituição e as leis ao mobilizar forças militares e policiais para obstruir o exercício da autoridade legislativa".
O juiz Moon enfatizou que remover Yoon do cargo protegeria melhor a Constituição do que permitir que ele permanecesse no poder.
A decisão do tribunal ocorreu 111 dias depois que a moção de impeachment de Yoon foi apresentada ao tribunal, em comparação com 92 dias para o impeachment de Park e 64 dias para o de Roh.
Moon Hyung-bae (c, atrás), chefe interino do Tribunal Constitucional da Coreia do Sul, lê a decisão sobre o impeachment contra o presidente Yoon Suk-yeol durante uma sessão no tribunal em Seul, Coreia do Sul, em 4 de abril de 2025. (James Lee/Divulgação via Xinhua)
Yoon declarou uma lei marcial de emergência na noite de 3 de dezembro de 2024, que foi revogada pela Assembleia Nacional liderada pela oposição horas depois. Dias após o anúncio, em 14 de dezembro, os legisladores votaram pelo impeachment de Yoon. Ele foi detido no gabinete presidencial em 15 de janeiro.
Em 26 de janeiro, Yoon foi indiciado sob detenção como suspeito de liderar uma insurreição, tornando-se o primeiro presidente em exercício do país a ser preso e processado. Se condenado, ele poderá ser condenado à pena de morte ou à prisão perpétua.
Uma pesquisa da Gallup Korea mostrou que 58% dos entrevistados apoiavam seu impeachment, enquanto 37% se opunham.
AGRAVAMENTO DA POLARIZAÇÃO POLÍTICA
Yoon vem enfrentando desafios dos partidos de oposição desde que assumiu o cargo. Em abril de 2024, o partido governista sofreu uma derrota esmagadora nas eleições parlamentares, enfraquecendo ainda mais sua posição. Após a derrota nas eleições, Yoon teve sua primeira reunião formal com o líder da oposição, Lee Jae-myung, que produziu pouco progresso.
Em dois anos no cargo, Yoon usou seu poder de veto 25 vezes contra projetos de lei aprovados pela Assembleia Nacional liderada pela oposição. Em contrapartida, os esforços de seu governo em relação à reforma do sistema de saúde e da previdência enfrentaram uma resistência legislativa significativa.
O impasse político aprofundou a divisão social. Um relatório do Instituto Coreano de Saúde e Assuntos Sociais divulgado em março constatou que a percepção pública de "conflito social" atingiu seu nível mais alto desde 2018, com a divisão mais grave entre progressistas e conservadores.
Pessoas reagem à decisão sobre o impeachment contra o presidente Yoon Suk-yeol pelo Tribunal Constitucional da Coreia do Sul em Seul, Coreia do Sul, em 4 de abril de 2025. (Xinhua/Yao Qilin)
O jornal Chosun Ilbo observou que os conflitos ideológicos, e não as disparidades regionais ou econômicas, se tornaram o principal obstáculo à unidade social da Coreia do Sul.
Após a votação do impeachment em 14 de dezembro, a polarização piorou, alimentando a indignação pública e as emoções extremas. O atraso na decisão do Tribunal Constitucional aumentou ainda mais as tensões entre conservadores e progressistas, levando a frequentes protestos nas ruas, disse Lee Jae-mook, professor do Departamento de Ciência Política e Diplomacia da Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros.
Uma pesquisa realizada pela National Barometer Survey (NBS) mostrou que mais de 40% dos entrevistados não aceitariam um resultado de impeachment diferente de suas expectativas.
A ELEIÇÃO
Após a destituição de Yoon, a Coreia do Sul deve realizar uma eleição presidencial antecipada em 60 dias. Atualmente, o principal candidato é Lee Jae-myung, do Partido Democrático da Coreia, da oposição, embora ainda haja incertezas.
De acordo com a última pesquisa da NBS, Lee Jae-myung tem um índice de aprovação de 33%, liderando por cerca de 24 pontos percentuais em relação ao seu concorrente imediato, o ministro do Trabalho e Emprego, Kim Moon-soo.
Lee Jae-myung (c) fala após ser absolvido de violação da lei eleitoral por um tribunal de apelação no Supremo Tribunal de Seul, em Seul, Coreia do Sul, em 26 de março de 2025. (NEWSIS via Xinhua)
O governador da Província de Gyeonggi, Kim Dong-yeon, também está concorrendo. Outros possíveis candidatos incluem o ex-líder do Partido do Poder Popular, Han Dong-hoon, o prefeito de Daegu, Hong Joon-pyo, e o prefeito de Seul, Oh Se-hoon.
Em meio ao aprofundamento da polarização política, o resultado da eleição pode depender de eleitores centristas e apartidários, de acordo com relatos da mídia.
(Repórteres de vídeo: Yoo Seung-ki, Feng Qidi, Lu Rui, Chen Yi, Yang Yunqi, Cheng Jing; editores de vídeo: Hong Ling, Li Qin)