Cliente faz compras em uma loja Target em Rosemead, Condado de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, em 4 de março de 2025. (Foto por Zeng Hui/Xinhua)
"As tarifas estão prejudicando as pequenas empresas e estão tornando as importações mais caras. Mas não são os fabricantes estrangeiros que estão pagando o preço; somos nós, os consumidores e os proprietários de empresas aqui nos Estados Unidos", disse Jacqueline Renaud, moradora de Nova York.
Por Ada Zhang
Nova York, 6 abr (Xinhua) -- As carteiras dos americanos estão sangrando. As tarifas e a inflação estão elevando os preços de itens essenciais do dia a dia, de alimentos básicos como frutas e vegetais a produtos domésticos.
Ahmeda Ale passou 15 anos vendendo frutas e vegetais frescos em barracas na beira de estrada no Brooklyn e em Manhattan. Com o aumento dos preços no atacado no último ano, ele e seu parceiro de negócios estão lutando para manter seus produtos acessíveis e, ao mesmo tempo, competir com as grandes redes de supermercados.
"Tudo custa mais caro agora", disse Ale à Xinhua na quarta-feira, do lado de fora de uma de suas três barracas perto de uma grande mercearia franqueada que compra produtos importados da América do Sul e da Ásia. A rede aumentou os preços drasticamente este ano, mas Ale resistiu a seguir o exemplo - por enquanto.
Uma grande parte das frutas e vegetais mais comumente comprados nos Estados Unidos é importada do México, Canadá e outros países. Todos estão enfrentando tarifas mais altas.
"Tarifas sobre todos os produtos importados do México e do Canadá - especialmente sobre ingredientes e insumos que não estão disponíveis nos Estados Unidos - poderiam levar a preços mais altos para o consumidor e a retaliações contra os exportadores americanos", disse a Associação de Marcas de Consumidor, uma associação comercial dos EUA que representa quase 2.000 marcas, em sua declaração divulgada no início deste ano.
Todas as manhãs, Ale faz a viagem do Bronx, em Nova York, para reabastecer suas barracas. Nos últimos três anos, seus custos de atacado aumentaram 100%.
"Cem por cento", disse ele, repetindo a taxa duas vezes. Uma caixa de framboesas, que antes custava um dólar americano, agora custa dois dólares cada, mas ele continua a vendê-las a dois por cinco dólares, reduzindo seus lucros para se manter competitivo.
As barracas de Ale construíram uma base de clientes fiéis. Mas com a inflação não mostrando sinais de desaceleração, ele se pergunta por quanto tempo mais conseguirá se manter.
"As tarifas estão prejudicando as pequenas empresas e estão tornando as importações mais caras. Mas não são os fabricantes estrangeiros que estão pagando o preço; somos nós, os consumidores e os proprietários de empresas aqui nos Estados Unidos", disse Jacqueline Renaud, moradora de Nova York.
O presidente dos EUA, Donald Trump, mostra uma ordem executiva sobre "tarifas recíprocas" no Jardim das Rosas da Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos, em 2 de abril de 2025. (Xinhua/Hu Yousong)
Renaud saiu de um supermercado carregando uma sacola de papel que continha apenas um tomate, uma pequena salada e alguns ovos que estavam em promoção.
"Tive que fazer muitos cortes", disse Renaud. "Tenho minha própria casa, mas, mesmo assim, ainda tenho que fazer escolhas difíceis sobre o que posso comprar."
"Ainda quero me alimentar de forma saudável, mas os custos crescentes dificultam as coisas. Entendo que os preços aumentam com o tempo, mas isso não me parece justo", disse Renaud.
Em uma cadeia de supermercados japoneses em Nova York, a gerente Samantha Lopez acompanhou como os preços de produtos básicos, como o arroz e o macarrão, subiam constantemente, uma tendência que ela atribui às suas origens no exterior..
"Certos itens estão ficando mais caros", disse Lopez, especialmente os produtos enviados da Ásia. Ela observou que o arroz e o macarrão tiveram aumentos significativos de preço, enquanto os produtos produzidos internamente, como os salgadinhos Pocky, permaneceram estáveis.
Embora as tarifas ainda não tenham afetado fortemente os preços de sua loja, Lopez espera que elas possam levar de um a dois meses para afetar totalmente os custos.
"Estou tentando manter os preços tão consistentes quanto possível", disse ela à Xinhua. "Não quero que os clientes vejam um preço hoje e um preço muito mais alto amanhã."
Os níveis das tarifas anunciados na quarta-feira por Trump são mais altos do que muitos economistas esperavam.
Michael Pearce, economista-chefe dos EUA da Oxford Economics, uma empresa de consultoria, espera inflação mais alta e crescimento mais lento após o anúncio de Trump. Ele já havia previsto que a inflação subiria acima de 3% no final deste ano, ante cerca de 2,5% agora..
"As notícias sobre tarifas são claramente piores do que havíamos previsto", disse Pearce, segundo a agência de notícias The Associated Press.