Foto tirada no dia 7 de julho de 2022 mostra prédio do Departamento de Comércio em Washington, D.C., Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)
O presidente da Câmara de Comércio Suíço-Chinesa criticou o tom e a direção da política comercial do governo americano, chamando-a de "definitivamente pouco produtiva" porque ainda não rendeu resultados.
Genebra, 5 mai (Xinhua) -- A política tarifária dos Estados Unidos criou incerteza generalizada e reflete uma abordagem de confronto em relação ao comércio global, disse Robert Wiest, presidente da Câmara de Comércio Suíço-Chinesa (SCCC, na sigla em inglês), em entrevista recente à Xinhua.
Os Estados Unidos reconheceram que se desindustrializaram demais, disse Wiest, acrescentando que agora estão tentando recuperar empregos e capacidade industrial por meio de tarifas, que são "uma ferramenta muito rudimentar".
Wiest, que retornou recentemente de uma viagem de negócios de 10 dias ao Japão e à China, criticou o tom e a direção da política comercial do governo americano, chamando-a de "definitivamente pouco produtiva" porque, até o momento, ainda não rendeu resultados. Em vez disso, criou incerteza e alienou não apenas aliados, mas também importantes parceiros comerciais, disse ele.
Um boletim informativo recente da SCCC descreveu as disputas tarifárias em andamento como semelhantes a "uma negociação que começou mal e continua se desenrolando mal".
Pedestre atravessa cruzamento perto do World Trade Center, Nova York, Estados Unidos, no dia 3 de janeiro de 2025. (Xinhua/Liu Yanan)
De acordo com Wiest, os Estados Unidos poderiam ter abordado a questão de forma colaborativa, envolvendo aliados e parceiros em um diálogo construtivo. Mas, em vez disso, escolheu iniciar as negociações de forma muito agressiva. Isso sinaliza o foco em um resultado positivo ou negativo, o que raramente conduz a negociações bem-sucedidas, disse ele.
Em um exemplo notável, o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma "tarifa recíproca" de 31% sobre as importações da Suíça, significativamente maior do que os 20% impostos à União Europeia (UE), antes de anunciar uma pausa de 90 dias logo em seguida.
"A Suíça foi pega de surpresa pelo nível de tarifas impostas", disse Wiest, acrescentando que ainda mais prejudicial do que as próprias tarifas é a incerteza que elas criam para as empresas.
Atualmente, uma tarifa de 10% permanece em vigor. Aliada à força do franco suíço em relação ao dólar americano, as pressões de custo estão dificultando a competição das empresas suíças no mercado americano, explicou Wiest.
As exportações são um pilar da economia suíça, representando aproximadamente 80% do seu produto interno bruto. Desse total, 55% têm como destino a UE, 15% os Estados Unidos e 5% a China.
Gado em pasto em frente à fábrica da Nestlé em Konolfingen, Suíça, no dia 31 de outubro de 2023. (Xinhua/Lian Yi)
Com a instabilidade do mercado americano, os tratados bilaterais da Suíça com a UE e seu Acordo de Livre Comércio com a China estão ganhando importância, observou ele.
"Os EUA representam apenas cerca de 13% do comércio global", disse Wiest. "Sim, é um mercado importante para a Suíça. Mas, se fechasse completamente, haveria interrupções por três ou quatro anos.
Depois disso, mercados alternativos poderiam ser desenvolvidos para compensar a perda".
Sobre a questão das tarifas americanas contra a China, Wiest destacou que a China fez progressos significativos na diversificação de sua base industrial. Em tecnologia verde, incluindo painéis solares e turbinas eólicas, mercados emergentes como Oriente Médio, África e América Latina viraram destinos importantes.
Como resultado, ele afirmou que as tarifas americanas sobre as exportações chinesas de tecnologia verde terão impacto limitado.
Funcionária mostra relógio suíço de edição limitada na área de exposição Lifestyles na 2ª edição da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) em Shanghai, leste da China, no dia 6 de novembro de 2019. (Xinhua/Liu Ying)
A China também está escalando a cadeia de valor para além da fabricação de baixo custo, observou ele. No setor de veículos elétricos, por exemplo, a China estabeleceu uma cadeia de valor totalmente integrada, da produção de baterias ao design de veículos, fabricação e vendas globais, disse Wiest.
Ele acrescentou que a China está ficando cada vez mais atraente para indústrias suíças, como máquinas, produtos farmacêuticos e relojoaria de luxo, citando um ambiente de negócios em melhoria e oportunidades crescentes.
A SCCC, disse ele, continuará fortalecendo os laços com os governos suíço e chinês para apoiar seus membros em meio às incertezas atuais do comércio global.