Banco Central do Brasil eleva a taxa básica de juros para 14,75%, o maior nível em 19 anos-Xinhua

Banco Central do Brasil eleva a taxa básica de juros para 14,75%, o maior nível em 19 anos

2025-05-08 12:07:45丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 7 mai (Xinhua) -- O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou nesta quarta-feira o aumento da taxa básica de juros (Selic) para 14,75% ao ano, o sexto aumento consecutivo e maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25%.

A decisão de aumentar a Selic nesta quarta foi unânime. Ou seja, todos os diretores, inclusive o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, votaram a favor de subir a taxa até 14,75%.

O Copom justificou sua decisão pela alta dos preços de alimentos e energia, além das persistentes incertezas na economia global.

Em seu comunicado, o Copom destacou que o cenário permanece bastante incerto, o que exigirá postura cautelosa da autoridade monetária nas próximas reuniões. "O contexto de alta incerteza e o estágio avançado do ciclo de ajuste exigem cautela e flexibilidade adicionais para incorporar novos dados que afetam a dinâmica inflacionária", afirmou o comunicado.

Desde setembro do ano passado, a taxa Selic foi elevada em várias etapas, começando com um aumento de 0,25 ponto percentual, seguido por outro aumento de 0,5 ponto percentual e mais três aumentos de 1 ponto percentual.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em abril, o IPCA-15 - medida anterior do índice oficial - foi de 0,43%, com os preços dos alimentos ainda exercendo pressão de alta.

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada atingiu 5,49%, superando o teto da meta estabelecida no novo sistema de metas contínuas, em vigor desde janeiro de 2025. Esse sistema estabelece uma meta central de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (entre 1,5 e 4,5%).

O modelo contínuo avalia a inflação acumulada ao longo de 12 meses, mês a mês. Por exemplo, em maio de 2025, é considerada a inflação de junho de 2024. Isso permite um monitoramento mais dinâmico do comportamento dos preços.

Em seu último relatório de inflação, divulgado em março, o Banco Central elevou sua projeção para o IPCA de 2025 para 5,1%. No entanto, essa estimativa pode mudar dependendo da evolução do dólar e dos preços internos. O próximo relatório será publicado no final de junho.

Por sua vez, o mercado financeiro mantém projeções mais pessimistas: segundo o boletim Focus, que compila estimativas de instituições financeiras, a inflação deve fechar o ano em 5,53%. Há um mês, a previsão era ainda maior, de 5,65%.

O comunicado do Copom também atualizou as projeções da autoridade monetária. O Banco Central estima que a inflação atingirá 4,8% em 2025 e 3,6% até o final de 2026, dentro de seu horizonte de análise de 18 meses.

O aumento da Selic busca conter a inflação, encarecendo o crédito e reduzindo a demanda. No entanto, essa estratégia também pode retardar o crescimento econômico. Em seu último relatório, o Banco Central reduziu sua projeção de crescimento do PIB para 1,9% em 2025. O boletim Focus estima uma expansão de 2%.

A taxa Selic também serve como referência para as taxas de juros de toda a economia e é utilizada nas transações com títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.

O Banco Central anunciou que só reduzirá as taxas de juros quando tiver certeza de que a inflação está sob controle. Enquanto isso, a situação atual exige vigilância constante e decisões cuidadosamente consideradas para equilibrar o controle de preços com a recuperação econômica. 

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