Pombas brancas são soltas ao final das atividades de comemoração do 70º aniversário da vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Mundial Antifascista, em Beijing, capital da China, em 3 de setembro de 2015. (Xinhua/Pang Xinglei)
Oitenta anos atrás, a vitória da Guerra Mundial Antifascista marcou um ponto de virada na história da humanidade. A história é um espelho por meio do qual a humanidade deve tirar lições para evitar a repetição de calamidades passadas.
Beijing, 8 mai (Xinhua) -- Oitenta anos atrás, a vitória da Guerra Mundial Antifascista marcou um ponto de virada na história humana, abrindo um novo capítulo na construção de uma ordem internacional melhor e na busca de uma paz duradoura.
Atualmente, o mundo passou por transformações drásticas. A tecnologia conectou cantos distantes do globo, e a globalização aproximou as nações como nunca antes. No entanto, junto com esses avanços, surgiram desafios novos e complexos. A incerteza global está aumentando, marcada por políticas de poder, unilateralismo e divisão em formas em constante evolução.
Enquanto o mundo reflete sobre as lições da história, a humanidade precisa enfrentar algumas questões urgentes: Como podemos proteger a paz duramente conquistada? Como podemos enfrentar coletivamente os desafios globais urgentes? E, o mais importante, como podemos forjar um futuro compartilhado para todos?
Conforme observado pelo presidente chinês Xi Jinping no debate geral da 70ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015, a história é um espelho por meio do qual a humanidade deve tirar lições para evitar a repetição de calamidades passadas.
"Devemos ver a história com admiração e consciência humana. O passado não pode ser mudado, mas o futuro pode ser moldado. Ter a história em mente não é perpetuar o ódio. Pelo contrário, é para que a humanidade não se esqueça de sua lição. Lembrar-se da história não significa ficar obcecado pelo passado. Em vez disso, ao fazê-lo, pretendemos criar um futuro melhor e passar a tocha da paz de geração em geração", disse Xi na ocasião.
VITÓRIA DOS JUSTOS
Na noite de 8 de maio de 1945, a Alemanha assinou o documento de rendição em Karlshorst, Berlim, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Enquanto isso, na Ásia, a última grande campanha da China contra o Japão, a Batalha de Hunan Ocidental, chegou à sua fase decisiva.
A rendição do Japão a bordo do USS Missouri, na Baía de Tóquio, em 2 de setembro de 1945, encerrou a Segunda Guerra Mundial, o conflito mais mortal da humanidade. Mais de 80 países e regiões, envolvendo cerca de 2 bilhões de pessoas, foram arrastados para a guerra, com um total de mais de 100 milhões de vítimas e perdas econômicas superiores a US$ 4 trilhões. Contra a agressão fascista, mais de 50 países, incluindo a China e a União Soviética, formaram uma frente unida.
Uma cerimônia de entrega de cestas de flores aos heróis falecidos para marcar o Dia dos Mártires é realizada na Praça Tian'anmen em Beijing, capital da China, em 30 de setembro de 2024. (Xinhua/Yin Bogu)
O mundo jamais esquecerá que, como principal palco no leste da Guerra Mundial Antifascista, a China fez um sacrifício nacional de mais de 35 milhões de baixas em sua luta contra as tropas majoritárias do militarismo japonês. Durante 14 anos de feroz luta antifascista, a China enfrentou e imobilizou mais de dois terços do exército japonês, causando 70% das baixas militares do Japão em tempos de guerra. Esses esforços contribuíram significativamente para a vitória da Guerra Mundial Antifascista.
Pessoas de diferentes países apoiaram a China em sua luta comum. A China sempre se lembrará do apoio internacional que recebeu. Por exemplo, os "Tigres Voadores" dos EUA abriram a Rota Hump para o transporte de suprimentos de emergência; médicos estrangeiros, como Norman Bethune, do Canadá, e Dwarkanath Kotnis, da Índia, arriscaram suas vidas para salvar outras pessoas; o empresário alemão John Rabe ajudou a proteger os civis durante o Massacre de Nanjing em 1937.
Igualmente significativo foi o sacrifício e a contribuição da União Soviética no teatro de operações europeu da Segunda Guerra Mundial. Da Batalha de Moscou à Batalha de Stalingrado e à Batalha de Kursk, o povo soviético suportou tremendas dificuldades e desempenhou um papel decisivo na derrota das tropas nazistas.
Guardas de honra da China participam do ensaio do desfile do Dia da Vitória em Moscou, Rússia, em 29 de abril de 2015. (Xinhua/Pavel Bednyakov)
Durante a guerra antifascista global, a China e a União Soviética se apoiaram mutuamente. Voluntários da força aérea soviética lutaram ao lado de soldados chineses, período em que mais de 200 deles perderam a vida na China. Muitos chineses, incluindo Mao Anying, filho mais velho do falecido líder chinês Mao Zedong, lutaram contra as tropas nazistas durante o período mais difícil da Grande Guerra Patriótica da União Soviética. Esse sacrifício compartilhado forjou um vínculo profundo entre os dois lados.
A vitória da guerra antifascista destruiu as tentativas dos fascistas e militaristas de dominar o mundo, acabou com as divisões coloniais do mundo pelas potências imperiais e lançou as bases para uma nova visão de paz e cooperação global.
RENASCIMENTO DO MUNDO
Este ano também marca o 80º aniversário da fundação das Nações Unidas. As palavras iniciais da Carta das Nações Unidas - "Nós, os povos das Nações Unidas, determinados a salvar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes em nossas vidas trouxe tristeza indescritível à humanidade" - são um poderoso testemunho das lições duramente conquistadas em duas guerras mundiais catastróficas.
Mais do que apenas uma reflexão histórica, essas palavras transmitem o desejo ardente da humanidade por uma paz duradoura.
Nascida das cinzas da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas representa os esforços da humanidade para se afastar de um mundo governado pela lei da selva e de uma ordem mundial de hierarquias dominadas pelo Ocidente.
Desde os sistemas de Vestefália e Viena até o sistema de Versalhes-Washington, a antiga ordem dividia o mundo em potências dominantes e nações que elas colonizavam e oprimiam.
Em uma mudança histórica, a Carta da ONU consagra o princípio da igualdade soberana, afirmando pela primeira vez no direito internacional que todas as nações, independentemente de tamanho, força ou riqueza, são iguais. Isso se tornou a pedra angular da ordem internacional do pós-guerra.
Foto de arquivo tirada em 26 de junho de 1945 mostra Dong Biwu (frente), representante do Partido Comunista da China, assinando a Carta das Nações Unidas, em São Francisco, EUA. (Xinhua)
Ancorados na Carta da ONU, princípios como igualdade soberana, não interferência nos assuntos internos de outros, solução pacífica de controvérsias e proibição do uso ou ameaça de força evoluíram para normas fundamentais das relações internacionais. A criação do sistema da ONU estabeleceu não apenas plataformas institucionais para cooperação, mas transformou a própria arquitetura da governança global.
Sob a orientação do espírito da Carta das Nações Unidas, os movimentos de libertação nacional se espalharam por todo o mundo. Muitos países da Ásia, África e América Latina se livraram dos grilhões do colonialismo e conquistaram a independência e a soberania nacionais.
Assim, o direito internacional começou a proteger de fato os direitos e os interesses dos países em desenvolvimento. Uma comunidade internacional mais aberta e inclusiva substituiu o paradigma centrado no Ocidente de um exclusivo "clube de nações civilizadas", um passo sólido e de longo alcance em direção à paz duradoura para a humanidade.
A China participou ativamente da fundação das Nações Unidas e da formação da ordem internacional do pós-guerra. Em 26 de junho de 1945, a China foi o primeiro país a assinar a Carta da ONU. Antes disso, a delegação chinesa defendeu firmemente os interesses dos países de pequeno e médio porte e insistiu que a "independência" fosse consagrada na Carta da ONU como objetivo do Sistema Internacional de Tutela, apesar da pressão do Ocidente. Tais esforços exemplificam o compromisso inabalável da China com a defesa da equidade e da justiça internacionais.
A ordem internacional do pós-guerra consolidou a vitória da Guerra Mundial Antifascista, estabeleceu as normas fundamentais das relações internacionais modernas, reduziu o expansionismo militar e promoveu a paz e o desenvolvimento globais.
Desde a sua criação, há 80 anos, as Nações Unidas se tornaram a organização intergovernamental mais universal, representativa e autoritária do mundo, levando as aspirações comuns da humanidade para um futuro melhor.
CHAMADO DA ERA
Nos últimos 80 anos, a ausência de guerras em escala global permitiu que o mundo desfrutasse de uma paz duradoura. As economias emergentes, incluindo a China, cresceram coletivamente, enquanto a globalização econômica se aprofundou, transformando o mundo em uma "aldeia global" interconectada por meio da expansão dos intercâmbios e da cooperação transfronteiriças.
Ao mesmo tempo, uma nova onda de transformação tecnológica e industrial está remodelando as economias, as sociedades e as relações internacionais. Os benefícios dessa era amplamente pacífica criaram um nível de prosperidade global sem precedentes na história da humanidade.
Entretanto, sob a superfície da paz fluem algumas correntes subterrâneas turbulentas. O unilateralismo e o protecionismo estão em ascensão, com alguns políticos ocidentais obcecados em dividir o mundo por linhas ideológicas, formando blocos excludentes e alimentando uma mentalidade de "nova Guerra Fria".
Além disso, os Estados Unidos desconsideram abertamente as normas internacionais, praticam coerção econômica, impõem tarifas punitivas e elevam a legislação nacional acima da legislação internacional.
Esse comportamento hegemônico prejudica o sistema internacional centrado na ONU, desafia a ordem internacional sustentada pelo direito internacional e ameaça a própria base da paz e do desenvolvimento globais.
Um trem de carga China-Europa com destino a Moscou, na Rússia, aguarda a partida em um centro de logística em Beijing, capital da China, em 16 de abril de 2025. (Xinhua/Zhang Chenlin)
Como alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, "para onde quer que olhemos, a paz está sendo atacada".
O mundo está mais uma vez em uma encruzilhada. O mundo deve defender o multilateralismo e buscar pontos em comum, ou permitir que o unilateralismo cresça sem controle? O mundo deve apoiar relações internacionais mais democráticas ou aceitar que a política de poder rege tudo? O mundo deve seguir o direito internacional e as normas diplomáticas básicas ou voltar a um mundo em que os fortes dominam os fracos?
A história oferece as lições mais claras. Em primeiro lugar, a paz deve ser defendida. O terror da tirania nazista e as atrocidades do Massacre de Nanjing mostraram que a guerra destrói a civilização, enquanto a paz permite que ela cresça.
Em segundo lugar, a unidade é essencial para a sobrevivência da civilização humana. Quando o fascismo e o militarismo estavam destruindo o mundo, a assinatura da Declaração das Nações Unidas por 26 nações em 1942 mostrou que as divisões ideológicas podem ser superadas e que os valores humanos compartilhados podem unir as nações.
Em terceiro lugar, a maré da história não pode ser revertida ou resistida. A queda do colonialismo, o fim da Guerra Fria e a ascensão dos países em desenvolvimento mostram que a lógica do "poder faz a razão" não dura. Um mundo multipolar é o caminho a seguir.
Em quarto lugar, as regras não são ferramentas de abuso para os poderosos. Ao contrário, elas são a base da equidade e da justiça. Os princípios da Carta das Nações Unidas, incluindo a igualdade soberana e a proibição de agressão, lembram à humanidade que, sem regras, o mundo corre o risco de cair no caos.
Como vitoriosa na Segunda Guerra Mundial, bem como fundadora e defensora da ordem do pós-guerra, a China tem se posicionado consistentemente do lado certo da história, da civilização e do progresso humano.
Do avanço da cooperação de alta qualidade do Cinturão e Rota ao lançamento da Iniciativa de Desenvolvimento Global, da Iniciativa de Segurança Global e da Iniciativa de Civilização Global, e da promoção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade à oferta de ideias e soluções para desafios globais e regionais, a China apoia o verdadeiro multilateralismo por meio de ações concretas. Ela está trabalhando para tornar a governança global mais justa e equilibrada e, ao mesmo tempo, contribuir com estabilidade e impulso positivo para a paz e o desenvolvimento mundiais.
A maior parte do mundo passou a reconhecer a China como uma força fundamental na proteção da paz e da estabilidade mundiais. Conforme observado pelo subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência, Tom Fletcher, as iniciativas propostas pela China em relação à paz e à segurança, ao desenvolvimento global e à cooperação cultural estão estreitamente alinhadas com a missão principal da ONU de pacificação, esforços humanitários e segurança global.
O conceito de "uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade" é outra ideia-chave que destaca a solidariedade global e "o mundo se unindo, não se separando", disse Fletcher à Xinhua, acrescentando que esse conceito criou "parcerias de que realmente precisamos se quisermos enfrentar os desafios que temos pela frente, incluindo as mudanças climáticas".
Como parceiros que lutaram lado a lado na Segunda Guerra Mundial, a China e a Rússia continuam a trabalhar juntas hoje para defender a estabilidade estratégica global. Elas se coordenam estreitamente em estruturas multilaterais como as Nações Unidas, a Organização de Cooperação de Shanghai e os BRICS, opondo-se conjuntamente ao hegemonismo e à política de poder, e promovendo um mundo mais multipolar e a globalização econômica por meio do verdadeiro multilateralismo..
Enquanto isso, os mercados emergentes e os países em desenvolvimento estão crescendo como uma força coletiva. O Sul Global desperto está ganhando força, confiança e uma voz maior na governança global. As forças em prol da paz e do desenvolvimento nunca foram tão robustas.
O escritor francês Victor Hugo certa vez observou: "As memórias são a nossa força. Quando a noite tenta retornar, devemos iluminar as grandes datas, como acenderíamos tochas." A importância de comemorar o 80º aniversário da vitória da Guerra Mundial Antifascista reside em iluminar o caminho à frente e reafirmar o compromisso inabalável da humanidade com uma paz duradoura.
Nesta nova encruzilhada da história, o que a humanidade precisa não é o rufar dos tambores de uma nova Guerra Fria, mas o apelo à cooperação; não reivindicações de superioridade civilizacional, mas um espírito de prosperidade compartilhada; não um retorno à lei da selva, mas um compromisso renovado com um futuro compartilhado.
Somente seguindo esse caminho o mundo poderá evitar que as tragédias da história se repitam e transformar a visão de paz duradoura e desenvolvimento sustentável em realidade.