Rio de Janeiro, 6 jun (Xinhua) -- A Amazônia brasileira registrou um desmatamento de 960 quilômetros quadrados em maio de 2025, representando um aumento de 92% em relação ao mesmo mês de 2024, anunciou o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas nesta sexta-feira.

Em entrevista coletiva, o ministro interino da pasta, João Paulo Capobianco, observou que o aumento está relacionado às mudanças climáticas e aos incêndios ocorridos em meses anteriores, cujos efeitos se refletem ao longo do tempo devido à secagem progressiva da vegetação.

"Este incêndio florestal de grande porte, relacionado a uma mudança climática, não é uma derrubada de árvores que ocorreu em maio. É uma floresta queimada a tal ponto que agora parece uma floresta em colapso", disse Capobianco. Segundo dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), no acumulado do ano florestal, de agosto de 2024 a maio de 2025, o desmatamento aumentou 9,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A análise das causas do desmatamento indica que 51% correspondem a incêndios florestais, 48% a corte raso e 1% a atividades de mineração.

Capobianco também alertou para o aumento de focos de incêndios que afetam a vegetação nativa. Nos últimos cinco anos, a média se manteve em torno de 10%. Em 2024, essa taxa subiu para 13,5% e, nos primeiros meses de 2025, atingiu 23,7%.

Esse tipo de desmatamento, decorrente de incêndios florestais, não costumava ser contabilizado nas estatísticas oficiais devido à sua baixa incidência, observou o ministro. No entanto, com o novo cenário climático e a gravidade dos incêndios, o governo incorporou essas informações ao sistema Deter, projetado para monitoramento em tempo real. Anteriormente, o registro era feito apenas pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal por Satélite (Prodes).

Diferentemente da Amazônia, os biomas Cerrado e Pantanal apresentaram tendência de queda no desmatamento durante o mês de maio. Em comparação com maio de 2024, o Cerrado registrou uma redução de 15%, enquanto o Pantanal teve uma queda de 65%.

No acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025, o Cerrado perdeu 4.583 quilômetros quadrados de cobertura vegetal, uma queda anual de 22%. No Pantanal, a perda foi de 267 quilômetros quadrados, o que representa uma redução de 74% em relação aos anos anteriores. "Hoje, temos uma capacidade muito significativa de prever e antecipar desastres. O grande desafio é como vamos organizar ações para atuar na prevenção com base nessas informações", afirmou Capobianco.

O ministro interino enfatizou que o governo federal está promovendo um processo de coordenação federativa, com o objetivo de garantir que o combate ao desmatamento e às queimadas seja realizado por todos os níveis de governo, bem como pela iniciativa privada e pela sociedade organizada.