Rick Kimberly (direita) e seu filho Grant Kimberly verificam plantação de milho no Condado de Polk, Iowa, Estados Unidos, no dia 23 de maio de 2025. (Xinhua/Liu Yanan)
"Tarifas afetam nossos mercados, e não podemos controlar isso... Queremos ver um comércio livre e aberto, principalmente na agricultura", disse Rick Kimberley, agricultor de quinta geração em Maxwell, Iowa.
Por Yang Shilong, Li Xirui e Liu Yanan
Maxwell, Estados Unidos, 7 jun (Xinhua) -- Localizada a 35 km a nordeste de Des Moines, Iowa, a fazenda da família Kimberley é uma visão por excelência: imponentes silos de grãos, caminhões com o nome da família, icônicos tratores verdes John Deere e uma plantadeira de soja e milho ao lado.
Os campos férteis de Iowa não só nutriram plantações cultivadas por gerações de agricultores de Iowa, como também cultivaram mais de 40 anos de amizade e intercâmbio entre a China e os Estados Unidos. Poucos lugares refletem isso melhor do que a fazenda Kimberley.
Por décadas, a fazenda incentivou uma forte conexão com a China. No condado de Luanping, norte da província de Hebei, uma Fazenda Demonstrativa de Amizade China-EUA, inspirada na fazenda Kimberley, é prova do que é possível ser alcançado quando agricultores e formuladores de políticas de ambas as nações se unem.
"Isso ajudou a construir relacionamentos e também nos permitiu aprender uns com os outros sobre agricultura, melhores práticas e sustentabilidade", disse Rick Kimberley, agricultor de quinta geração em Maxwell, Iowa.
No entanto, agricultores como Rick estão enfrentando desafios crescentes em meio às recentes incertezas do mercado causadas pelas novas disputas tarifárias do governo Trump contra importantes parceiros comerciais.
"Algumas dessas tarifas ficaram surpreendentemente altas", disse ele. "Acho que todos sabíamos que isso não seria realista nem sustentável".
A agricultura, explicou Rick, é um empreendimento de ciclo completo que envolve o gerenciamento de fatores controláveis, como despesas, estratégia e tendências de mercado, enquanto lidamos com fatores incontroláveis, como clima, seca, tornados e tarifas. Essas variáveis frequentemente resultam em preços de commodities em alta.
"O lucro sempre parece apertado", disse ele. "Então, precisamos cultivar mais bushels por acre para nos mantermos à frente".
Foto tirada no dia 11 de junho de 2017 mostra vista geral da fazenda Kimberley, perto de Des Moines, Iowa, Estados Unidos. (Xinhua/Wang Ping)
A fazenda Kimberley segue um ritmo anual consistente: plantio em abril, colheita em outubro, armazenamento dos grãos e início das entregas em janeiro. Este ano, a família plantou 65% de milho e 35% de soja.
"Sempre há dúvida: plantamos mais soja ou mais milho? Este ano, plantamos mais milho", disse ele.
"Tarifas realmente nossos mercados, e não podemos controlar isso", acrescentou Rick.
O recente acordo comercial firmado entre a China e os Estados Unidos em 12 de maio em Genebra, Suíça, trouxe um pouco de alívio a Rick.
"Estou muito feliz por não termos deixado isso se arrastar por meses sem negociações. Foi ótimo ver os dois lados se unindo", disse ele. "Queremos ver um comércio livre e aberto, principalmente na agricultura".
Rick disse que agricultores como ele estão dispostos a aceitar o desafio, mas estão "ansiosos por um acordo entre os dois países, de preferência antes da colheita".
Rick Kimberley opera trator em sua fazenda perto de Des Moines, Iowa, Estados Unidos, no dia 3 de maio de 2018. (Xinhua/Wang Ying)
Seu filho, Grant Kimberley, que se prepara para assumir a liderança da fazenda, tem o sentimento do pai. "Sempre há desafios na agricultura. É assim desde o início. É um negócio difícil, trabalho muito árduo. E há muita coisa que não podemos controlar".
Grant também é diretor sênior de desenvolvimento de mercado na Associação de Soja de Iowa. Ele visitou a China, que é um dos maiores mercados de soja de Iowa, mais de 25 vezes nos últimos 17 anos.
"Aprendi muito sobre o mercado, as pessoas e a cultura de lá. Tem sido uma ótima experiência", disse ele. "A indústria de soja dos EUA tem muitos relacionamentos comerciais fortes na China".
Grant participou de negociações comerciais e intercâmbios culturais, enxergando a agricultura como uma ponte entre as nações.
"Reuni-me com autoridades, agricultores e processadores chineses. É impressionante o quanto podemos aprender uns com os outros, seja em sustentabilidade, eficiência ou tecnologia. Ambos os lados têm algo a oferecer".
"Queremos muito ver isso resolvido para que todos trabalhemos juntos", disse ele. "Tarifas sobre alimentos e agricultura acabam prejudicando as pessoas".
Grant espera que os recentes sinais de progresso incentivem ambas as nações a continuarem conversando.
"É importante encontrar um ponto em comum, soluções que ambos os lados aceitem", disse ele. "Uma relação comercial estável beneficia ambos os países. A agricultura pode ser a janela para essa conversa".