Tarifas saindo pela culatra - como os aumentos tarifários dos EUA prejudicam a economia americana-Xinhua

Tarifas saindo pela culatra - como os aumentos tarifários dos EUA prejudicam a economia americana

2025-07-01 10:38:51丨portuguese.xinhuanet.com

Foto mostra bananas à venda em loja do Walmart no Condado de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, no dia 21 de maio de 2025. (Xinhua/Gao Shan)

Os recentes aumentos tarifários dos Estados Unidos tiveram efeitos prejudiciais sobre a economia, incluindo desaceleração do crescimento, aumento de custos, desafios comerciais, perda de empregos e relações internacionais tensas.

Por Mei Xing

Os amplos aumentos tarifários dos Estados Unidos em vários países desde o início deste ano causaram impactos negativos sistêmicos na economia americana. Muitos indicadores econômicos sugeriram recentemente que essas ações estavam gerando efeitos cada vez mais adversos, como introdução de incertezas, sobrecarga para as empresas americanas e aumento de custos para os consumidores.

O desempenho econômico geral dos Estados Unidos foi prejudicado. De acordo com o último relatório das Perspectivas Econômicas Mundiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), a previsão de crescimento econômico dos EUA para o ano foi revisada e diminuiu em 0,9 ponto percentual, para 1,8%, o maior rebaixamento entre as economias avançadas.

Os mercados financeiros também mostram sinais de estresse. O índice do dólar americano caiu mais de 4,5% em abril, caindo repetidamente abaixo do limite de 100 pontos. Ao mesmo tempo, os títulos do Tesouro americano também estão sob pressão, com o rendimento dos títulos de 30 anos ultrapassando 5%, chegando perto de níveis não vistos em quase duas décadas.

O setor industrial está crescendo com um ritmo mais fraco, impactado pelo aumento dos custos. A produção industrial caiu 0,2% na comparação mensal em maio, e o Índice de Gerentes de Compras da Indústria do país de abril, divulgado pelo Instituto de Gestão de Suprimentos (ISM, na sigla em inglês), caiu para 48,7, muito abaixo do limite que sinaliza expansão e o menor em cinco meses.

O impacto dos aumentos de tarifas talvez seja mais visível em setores-chave. No setor automotivo, as concessionárias nacionais enfrentam restrições de oferta e preços em alta. A S&P Global Mobility projeta que a produção de veículos na América do Norte cairá cerca de 1,28 milhão de unidades este ano, enquanto as vendas de automóveis nos EUA podem cair 700.000 unidades.

O setor imobiliário conta uma história semelhante. De acordo com os Construtores e Empreiteiros Associados, os preços dos insumos para construção subiram a uma taxa anualizada de 9,7% no primeiro trimestre. As vendas de imóveis residenciais em março registraram a maior queda em um único mês desde 2022, com o estoque de novas moradias se aproximando dos níveis vistos pela última vez no final de 2007.

A agricultura também está sentindo o impacto. Tarifas sobre insumos importados aumentaram os custos de produção, enquanto medidas retaliatórias de parceiros comerciais prejudicaram as perspectivas de exportação. Grandes agronegócios dos EUA, como ADM e Bunge, relataram uma queda combinada de cerca de 557 milhões de dólares americanos nos lucros operacionais do primeiro trimestre.

Juntos, esses números apontam para uma tendência mais ampla: medidas protecionistas podem estar amplificando a fragilidade econômica em vez de protegê-la.

Os aumentos de tarifas nos EUA também prejudicaram empresas e consumidores.

Para muitas empresas, o peso combinado de tarifas mais altas, estoques inflados e fluxo de caixa mais restrito corroeu drasticamente a lucratividade. Empresas proeminentes como PepsiCo, Procter & Gamble e Target reduziram suas previsões de lucros.

A crescente incerteza desencadeou cortes de empregos e uma onda de falências. A Stellantis, uma das três grandes montadoras, demitiu recentemente 900 funcionários, enquanto a Volvo está reduzindo sua força de trabalho nos EUA em 800. De acordo com a S&P Global, as falências de grandes empresas no primeiro trimestre atingiram o maior nível em 15 anos.

Os consumidores também estão sofrendo o impacto. As tarifas contribuíram para os fortes aumentos de preços de produtos de uso diário. Os preços dos ovos subiram mais de 60% em março, em relação ao ano anterior, atingindo o recorde de US$ 6,23 a dúzia. Na Amazon, quase 1.000 itens tiveram aumentos médios de preço de cerca de 30% em abril, em grande parte devido às tarifas sobre importações chinesas.

Um estudo do Laboratório de Orçamento de Yale estima que o custo de vestuário e calçados pode aumentar cerca de 14% e 15%, respectivamente, no curto prazo, e que as atuais políticas tarifárias podem custar à família americana média US$ 2.800 por ano.

O aumento das tarifas não afeta só a economia americana, como tensiona laços com aliados. Uma pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores mostra que apenas 22% dos europeus agora veem os Estados Unidos como um aliado confiável, enquanto pesquisas do YouGov revelam forte apoio na Alemanha, na Suécia e na Dinamarca a tarifas retaliatórias.

Essas tensões se refletem nos dados comerciais: os registros de veículos da Tesla na UE caíram 45% no primeiro trimestre, o McDonald's viu sua primeira queda global nas vendas desde 2020 e o número de visitantes internacionais nos Estados Unidos caiu 11,6% em março, a queda mais acentuada desde o início da pandemia. O Goldman Sachs estima que esse declínio no turismo poderá custar aos Estados Unidos 90 bilhões de dólares em 2025.

Conforme as evidências aumentam, talvez seja hora de reavaliar os custos da escalada tarifária. O uso excessivo de tarifas pelos Estados Unidos e o unilateralismo, o protecionismo e a coerção econômica que essas tarifas representam estão ficando cada vez mais insustentáveis.

Afinal, não há vencedores em uma guerra tarifária.

Nota da edição: Mei Xing trabalha com observação de assuntos internacionais.

As opiniões expressas neste artigo são da autoria e não refletem necessariamente as posições da Agência de Notícias Xinhua.

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