O mestre artesão Adil Can Guven trabalha em seu ateliê em Iznik, Turquia, no dia 26 de junho de 2025. Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral. (Xinhua/Liu Lei)
Iznik, Turquia, 30 jun (Xinhua) -- Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral.
Amplamente reconhecido como um "portador de cultura", o homem de 72 anos passou décadas revivendo e promovendo a arte dos azulejos de Iznik, uma paixão que continua moldando sua vida e obra.
Em entrevista à Xinhua, Guven refletiu sobre sua dedicação de uma vida inteira à cerâmica, sua recente viagem de intercâmbio cultural à China e o duradouro diálogo artístico entre duas das tradições de porcelana mais celebradas do mundo.
Em 2023, Guven viajou para a China a convite do governo chinês, que o levou a Jingdezhen, amplamente conhecida como a "capital mundial da porcelana". Foi sua primeira visita à cidade histórica, e a experiência deixou uma forte impressão nele.
"Eles nos mostraram não apenas a arte, mas a alma por trás dela, as pessoas, as histórias e séculos de artesanato", disse Guven.
A rica herança cerâmica de Jingdezhen repercutiu fortemente em Guven, que dedicou sua carreira a reviver o legado artístico e técnico dos azulejos de Iznik. Ele ficou muito impressionado com os modernos laboratórios de restauração da cidade, um museu instalado em uma antiga olaria e o forte apoio institucional à pesquisa em cerâmica.
"Havia um centro de pesquisa, que eles chamavam de ‘banco genético’, dedicado à análise e preservação de materiais. Esse tipo de compromisso é algo de que precisamos muito em Iznik", disse Guven, enfatizando a necessidade de investimento semelhante no futuro da cerâmica em sua cidade.
Durante a visita, Guven também participou de workshops práticos, trabalhando ao lado de artesãos chineses para moldar argila e observar de perto as técnicas de restauração.
"As técnicas podem ser diferentes, mas a paixão é a mesma", disse ele. "Isso me lembrou que a arte cerâmica transcende fronteiras, é uma linguagem universal".
Sobre a conexão histórica entre a porcelana chinesa e a cerâmica de Iznik, Guven disse que, embora a tradição de Iznik tenha sido inicialmente inspirada por modelos chineses, ela acabou se desenvolvendo em uma forma de arte otomana distinta.
"A corte otomana admirava a porcelana chinesa azul e branca e pediu aos artesãos locais que criassem algo semelhante", explicou ele. "Mas a porcelana verdadeira requer cozimento a cerca de 1300 graus Celsius, temperatura que nossos fornos não atingiam. Os fornos em Iznik, uma cidade de oleiros, frequentemente desabavam acima de 950 graus Celsius".
Para superar esse desafio, os artesãos locais recorreram a uma antiga técnica seljúcida: adicionar frita, ou vidro moído, à mistura de argila.
"Isso criou uma massa cerâmica branca e durável que parecia porcelana, mas era feita de materiais completamente diferentes", disse Guven.
Em meados do século 15, a cerâmica de Iznik havia refinado a técnica. "Essas cerâmicas, cozidas a cerca de 950 graus Celsius, se tornaram a base dos azulejos de Iznik", explicou ele. "Os primeiros exemplares eram azuis e brancos e claramente influenciados por designs chineses, conforme solicitado pelo palácio".
Com o tempo, Iznik desenvolveu seu próprio estilo distinto, observou ele. "Mas tudo começou com essa inspiração intercultural".
Hoje, em seu ateliê em Iznik, Guven continua estudando e recriando obras de cerâmica de 13 períodos históricos, utilizando materiais tradicionais, técnicas originais e motivos ancestrais.
Ele também se compromete a transmitir suas habilidades às gerações mais jovens, acreditando que preservar essa herança não só honra o passado, como ajuda a moldar o futuro.
O mestre artesão Adil Can Guven trabalha em seu estúdio em Iznik, Turquia, no dia 26 de junho de 2025. Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral. (Xinhua/Liu Lei)
O mestre artesão Adil Can Guven cria obra de porcelana em seu ateliê em Iznik, Turquia, no dia 26 de junho de 2025. Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral. (Xinhua/Liu Lei)
O mestre artesão Adil Can Guven cria obra de porcelana em seu ateliê em Iznik, Turquia, no dia 26 de junho de 2025. Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral. (Xinhua/Liu Lei)
O mestre artesão Adil Can Guven observa prato de porcelana azul e branca em seu ateliê em Iznik, Turquia, no dia 26 de junho de 2025. Na histórica cidade de Iznik, no noroeste da Turquia, famosa por sua tradição cerâmica centenária, o mestre artesão Adil Can Guven se dedica a preservar e revitalizar esse ofício ancestral. (Xinhua/Liu Lei)