
Foto tirada em 2 de setembro de 2024 mostra horizonte do distrito comercial central (CBD, na sigla em inglês) ao anoitecer em Beijing, capital da China. (Xinhua/Wang Jianhua)
"Tarifas são uma forma de autoisolamento. A longo prazo, elas prejudicarão mais os Estados Unidos do que a China", diz Chris Pereira.
Londres, 13 set (Xinhua) -- Quem permanecer aberto terá sucesso, e quem se fechar pagará o preço, disse à Xinhua em seu escritório em Londres, Chris Pereira, CEO da consultoria iMpact, sediada em Nova York.
Pereira, um empreendedor britânico-canadense que vive na China há mais de duas décadas e é fluente em mandarim, trabalhou para a Huawei como executivo de relações públicas e viu a rápida transformação do país.
"O Rio Amarelo é o berço da civilização chinesa. Eu queria aprender na fonte", disse ele na sexta-feira. Em 2004, Pereira ingressou na Universidade de Zhengzhou, na província de Henan, no centro da China, para estudar língua e literatura chinesas.
"Quando cheguei, eu não encontrava café sem açúcar. Pegava ônibus sem ar-condicionado", lembrou ele. No entanto, ele disse ter visto jovens estudantes estudando sob a luz dos postes, o que mostrou a dedicação e a determinação do povo chinês, e a ideia de que o esforço pode levar à mudança.
"Hoje, cada esquina tem um café. Agora posso andar de trem de alta velocidade a 300 quilômetros por hora", disse Pereira. "Esses detalhes mostram a elevação do padrão de vida, e a China passou de um estágio de velocidade para um de qualidade. Nós, empreendedores, precisamos equilibrar crescimento rápido com sustentabilidade", observou Pereira.
"A China encara os problemas com uma visão de longo prazo. Não entra em pânico, não se apressa. Com 5.000 anos de história, paciência é sabedoria. Para os negócios também, é preciso um plano de longo prazo, ou não sobreviveremos", disse ele à Xinhua.

Ciclistas da equipe de ciclismo FNIX-SCOM-Hengxiang (direita) e ciclistas da Wagner Bazin WB participam de passeio antes do Tour de Shanghai 2025 da União Ciclística Internacional (UCI), em Shanghai, leste da China, em 4 de setembro de 2025. (Xinhua/Wang Xiang)
Além disso, ele destaca a importância de construir confiança nos mercados internacionais. "Nos mercados internacionais, o produto não é a principal questão. O maior desafio é a confiança", disse ele. "Conheço marcas chinesas que fabricam produtos excelentes, escovas de dente inteligentes, por exemplo, mas não conseguem entrar no mercado americano porque os canais de venda não confiam nelas".
"Saber fazer amigos de qualidade é mágico", disse ele. "Se o seu parceiro local gostar e confiar em você, ele o escolherá mesmo que seu produto seja mais caro".
Manifestando sua discordância com as tarifas americanas, Pereira disse: "As tarifas são uma forma de autoisolamento. A longo prazo, elas prejudicarão mais os Estados Unidos do que a China. Cada vez que os EUA fecham uma porta, a China deve abrir uma maior".
Ele também disse que as restrições podem, na verdade, fortalecer as empresas chinesas. "Veja a Huawei. As sanções americanas a forçaram a inovar. Agora está mais forte do que nunca. Quem permanecer aberto prosperará".

Foto aérea de drone tirada em 4 de setembro de 2025 mostra o Porto de Qinzhou, na cidade de Qinzhou, na Região Autônoma Zhuang de Guangxi, no sul da China. (Xinhua/Zhang Ailin)
Pereira destacou que, nos últimos dois anos, o governo britânico tem expressado a disposição de manter e até mesmo fortalecer os laços econômicos com a China. "Setores como veículos de nova energia, eletrônicos de consumo e turismo são áreas em que o Reino Unido busca ativamente a participação chinesa", disse ele.
"A China não é perfeita. O Reino Unido também não. Mas, em um mundo imperfeito, ainda podemos encontrar maneiras de melhorar", acrescentou Pereira.



