O mundo não irá mais esperar pelos EUA-Xinhua

O mundo não irá mais esperar pelos EUA

2025-11-28 09:35:16丨portuguese.xinhuanet.com

Líderes na primeira sessão da 20ª Cúpula do G20, com foco no crescimento econômico inclusivo e sustentável, posam para foto em grupo em Joanesburgo, África do Sul, em 22 de novembro de 2025. (Xinhua/Huang Jingwen)

Apesar da ausência dos Estados Unidos na COP30 e na Cúpula do G20, a comunidade internacional avançou, alcançando consenso e dando passos significativos para enfrentar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento global inclusivo.

Beijing, 26 nov (Xinhua) -- Em um mundo cada vez mais voltado para a multipolaridade, dois grandes encontros internacionais realizados nos últimos dias atraíram a atenção global, com importantes acordos alcançados na ausência dos Estados Unidos.

A 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém, Brasil, aprovou no sábado um documento fundamental, ressaltando a tendência irreversível da transformação verde global.

No mesmo dia, a 20ª Cúpula do G20, em Joanesburgo, África do Sul, adotou uma declaração conjunta que enfatiza a cooperação multilateral para enfrentar os desafios globais.

Apesar da ausência dos Estados Unidos em ambos os eventos, a comunidade internacional avançou, alcançando consenso e dando passos significativos para combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento global inclusivo.

Profissionais da mídia entram no centro de imprensa da Cúpula de Líderes do G20 em Joanesburgo, África do Sul, em 22 de novembro de 2025. (Xinhua/Chen Wei)

AUSÊNCIA DOS EUA CRIA ESPAÇO PARA CONSENSO GLOBAL

No domingo, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, declarou encerrada a cúpula do G20, batendo o martelo cerimonial na mesa. Tradicionalmente, Ramaphosa deveria passar o bastão para o líder do país que assumiria a próxima presidência rotativa do G20, mas o presidente dos EUA, Donald Trump, não compareceu à cúpula. Washington pediu a Ramaphosa que ele entregasse o cargo a um funcionário de escalão inferior da embaixada, mas o presidente sul-africano recusou.

O governo dos EUA não apenas se recusou a participar da cúpula, como também pressionou a África do Sul para impedir a adoção de qualquer documento final da cúpula sem a aprovação dos EUA, o que gerou ampla crítica internacional.

A COP30, realizada em Belém, Brasil, também não contou com a presença de representantes de alto nível dos EUA, marcando a primeira vez que os Estados Unidos não enviaram nenhum funcionário de alto escalão a uma conferência climática das Nações Unidas (ONU).

A ausência dos Estados Unidos nos dois eventos sinaliza um recuo de suas responsabilidades globais e demonstra que o país se preocupa mais com seus próprios interesses do que com o financiamento verde global e a transferência de tecnologia que costumava defender verbalmente, disse Noha Bakir, professora de ciência política da Universidade Americana do Cairo.

Os resultados dessas duas cúpulas significam que o mundo pode contar com novas potências confiáveis ​​e que o mundo tem uma nova abordagem para entrar em uma fase pós-unipolar, onde o Sul Global tem uma influência real, liderada por países que defendem a boa governança internacional, disse ela.

"Ironicamente, a ausência do presidente Trump pode criar mais espaço para um consenso real, porque as pessoas não estarão constantemente olhando para ele e tentando antecipar ou lidar com sua conduta e seu posicionamento", disse à emissora britânica BBC, Richard Calland, professor do Instituto de Liderança em Sustentabilidade de Cambridge.

Em um momento em que as preocupações do Sul Global estão se tornando mais proeminentes, a ausência dos Estados Unidos enfraquece sua capacidade de moldar as agendas globais e sinaliza uma erosão gradual de sua influência internacional, disse Humphrey Moshi, diretor do Centro de Estudos Chineses da Universidade de Dar es Salã, na Tanzânia.

O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), André Correa do Lago (2º à esquerda, frente), conversa com o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell (1º à esquerda, frente), e outros funcionários durante uma sessão plenária da COP30 em Belém, Brasil, em 22 de novembro de 2025. (Foto por Lúcio Távora/Xinhua)

ASCENSÃO DO SUL GLOBAL

Apesar da oposição dos EUA à emissão de uma declaração conjunta na cúpula do G20, o grupo chegou a um acordo já no primeiro dia da conferência. Na COP30, após intensas negociações, a conferência foi prorrogada por um dia e resultou em um documento político histórico.

A declaração da cúpula do G20 enfatiza a necessidade de enfrentar os desafios globais por meio da cooperação multilateral e apela para um maior apoio aos países em desenvolvimento, visando promover o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável.

Entretanto, o documento adotado na COP30 abrange diversas questões, incluindo mitigação e adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático e cooperação internacional, e, pela primeira vez, incorpora questões comerciais ao documento final.

Ambas as reuniões destacaram uma tendência fundamental: a comunidade internacional, mesmo no âmbito das políticas públicas, está cada vez mais comprometida com a mudança climática. Apesar da interferência e das ameaças dos EUA, o Sul Global conseguiu fechar acordos e avançar, tornando-se uma força importante no avanço da governança econômica global e da governança climática.

Isso mostra o surgimento de uma ordem internacional mais equilibrada, na qual o Sul Global desempenha um papel central na promoção de uma cooperação mais justa, soluções pragmáticas para o desenvolvimento e um sistema global mais representativo, disse Paul Frimpong, diretor-executivo do Centro África-China para Políticas e Consultoria, um think tank com sede em Gana.

Xu Feibiao, pesquisador do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, acredita que os dois eventos demonstraram a crescente disposição e capacidade do Sul Global de participar da governança global.

O Sul Global agora assume responsabilidades de governança global com maior confiança, buscando caminhos de desenvolvimento inclusivos, sustentáveis ​​e mutuamente benéficos, disse ele.

Delegados participam de uma sessão plenária da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, Brasil, em 22 de novembro de 2025. (Foto por Lúcio Távora/Xinhua)

PROGRESSO GLOBAL SEM A PARTICIPAÇÃO DOS EUA

"O mundo pode seguir em frente sem os EUA?", perguntou o jornal americano The New York Times em uma reportagem publicada no domingo. A resposta, como evidenciado pelos resultados positivos no G20 e na COP30, é "sim".

"O G20 deve enviar uma mensagem clara de que o mundo pode seguir em frente com ou sem os EUA", disse o ministro das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, antes da cúpula. "Vamos marcar a ausência deles e continuar com os trabalhos".

Muitos especialistas internacionais concordam que a ausência dos Estados Unidos nesses eventos reflete uma mudança mais profunda na ordem global, na qual o multilateralismo pode prosperar sem o envolvimento de uma única potência.

Apesar da ausência dos Estados Unidos, ambas as reuniões alcançaram resultados significativos, o que já indica que a agenda global não depende mais exclusivamente de uma única grande potência para impulsioná-la, disse Abdulaziz Alshaabani, pesquisador do Centro Al Riyadh para Estudos Políticos e Estratégicos.

A ausência dos Estados Unidos reflete um declínio em sua presença e liderança em fóruns multilaterais, enfraquecendo sua capacidade de influenciar diretamente as leis e os compromissos internacionais, disse Dahham Al Enazi, analista político saudita.

As reuniões revelaram três tendências principais: o papel crescente do Sul Global na definição de agendas, a mudança no discurso climático em direção a ferramentas práticas e financiamento, e compromissos políticos que refletem o equilíbrio de poder, disse ele.

Maya Majueran, diretor fundador da Iniciativa Cinturão e Rota no Sri Lanka, acredita que ambos os resultados ressaltam uma verdade simples: o mundo está disposto e é capaz de promover a cooperação global sem a liderança dos EUA.

"Em vez de desacelerar, a cooperação global acelerou. E, ao fazer isso, enviou uma mensagem clara: o mundo não está mais esperando por Washington", disse ele.

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