Rio de Janeiro, 1º dez (Xinhua) -- A primeira Cúpula Popular do BRICS começou nesta segunda-feira no Rio de Janeiro, com o objetivo de fomentar a participação da sociedade civil na formulação de propostas para fortalecer a cooperação com o Sul Global dentro do bloco de 11 economias emergentes.
O encontro, que inclui movimentos sociais dos países do BRICS, discutirá cooperação econômica e multilateralismo, a construção da multipolaridade, a reconfiguração da geopolítica global, os desafios da governança global, o papel do próprio BRICS e a redução da dependência dos países emergentes em relação ao dólar americano em transações internacionais e na formação de reservas.
Criado em 2014 durante a Cúpula de Kazan, na Rússia, o Conselho Civil dos BRICS busca consolidar um espaço permanente de diálogo entre a sociedade civil e os governos do bloco.
Segundo a organização, o conselho constitui "uma estrutura para consolidar a participação da sociedade civil organizada nas discussões do bloco" e visa dar voz aos movimentos populares, estudantes, professores e ONGs sobre as questões estratégicas do grupo.
Esta cúpula é o último grande evento do BRICS com o Brasil na presidência do bloco, antes da Índia assumir a liderança no próximo ano.
Em uma mensagem em vídeo para a abertura, a ex-presidente brasileira e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Rousseff, afirmou que a primeira edição da cúpula consagra a participação da sociedade civil organizada na construção da cooperação no Sul Global.
"Pela primeira vez, os povos dos países do BRICS têm um canal permanente de diálogo com os governos e órgãos decisórios do grupo", enfatizou Rousseff.
João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e representante do Conselho Civil dos BRICS no Brasil, indicou que o encontro formalizará o funcionamento permanente do conselho civil e apresentará uma proposta de modus operandi para o mandato na Índia em 2026.
Stedile também afirmou que o encontro analisará questões geopolíticas globais e temas para os quais a sociedade civil pode contribuir diretamente.
Os organizadores observaram que os países do BRICS são líderes globais na produção de grãos, carne, fertilizantes e fibras, representando aproximadamente 70% da produção agrícola mundial. Além disso, eles respondem por mais da metade da agricultura familiar mundial, responsável por cerca de 80% do valor da produção global de alimentos.
Eles destacaram que essa posição estratégica confere ao bloco uma responsabilidade ainda maior na construção de sistemas alimentares sustentáveis e equitativos, uma agenda que o Conselho Civil dos BRICS busca incorporar centralmente às discussões do grupo.

