
Charge: Jogo perigoso para Sanae Takaichi (Xinhua/Yu Aicen)
A declaração pró-nuclear de um alto funcionário do governo Takaichi constitui um grave desafio não apenas aos princípios antinucleares do Japão, mas também ao regime global de não proliferação nuclear e à ordem internacional do pós-guerra.
Tóquio, 20 dez (Xinhua) -- Um alto funcionário japonês, envolvido na elaboração da política de segurança do governo japonês, teria declarado à imprensa que o Japão deveria possuir armas nucleares, uma posição controversa que se opõe aos princípios antinucleares da Constituição do país.
A surpreendente franqueza de um alto funcionário do governo da primeira-ministra Sanae Takaichi ao discutir o armamento nuclear não é uma gafe, mas um sinal. Revela uma crescente ambição dentro das forças conservadoras de direita do Japão de se livrar das restrições da ordem pós-guerra e acelerar a marcha rumo à remilitarização.
Como o único país que sofreu bombardeios atômicos, o Japão construiu sua identidade pós-guerra sobre uma constituição pacifista e os Três Princípios Não Nucleares, que proíbem a posse, a produção ou a permissão da introdução de armas nucleares em território japonês.
Nos últimos anos, sob o pretexto de se tornar um "país normal", o Japão embarcou em um caminho de rearme. Mesmo assim, o armamento nuclear é considerado há muito tempo uma linha vermelha absoluta. Quando o então vice-ministro da Defesa, Shingo Nishimura, apresentou ideias semelhantes em 1999, foi prontamente demitido.

Pessoas participam de protesto em frente à residência oficial da primeira-ministra japonesa em Tóquio, Japão, em 28 de novembro de 2025. (Xinhua/Jia Haocheng)
A declaração pró-nuclear de um alto funcionário do governo Takaichi constitui não apenas um grave desafio aos princípios antinucleares do Japão, mas também ao regime global de não proliferação nuclear e à ordem internacional do pós-guerra.
Se a recente retórica pró-nuclear é uma mera demonstração ou uma tentativa de pavimentar o caminho para o desmantelamento completo dos princípios antinucleares, ela revela uma clara intenção do governo Takaichi de, passo a passo, atropelar os limites da justiça internacional do pós-guerra.
Se o Japão abandonasse seu juramento sagrado de nunca se armar com armas nucleares, os danos se estenderiam muito além de suas fronteiras. O baluarte global contra a proliferação seria criticamente enfraquecido.
Diante dessa perigosa mudança, a comunidade internacional deve responder com uma voz clara e firme. É imprescindível estabelecer linhas vermelhas inequívocas contra qualquer ação do governo japonês que possa comprometer a não proliferação nuclear e os alicerces arduamente conquistados da paz pós-guerra.

