Parceria agrícola sino-brasileira avança em 2025 rumo à diversidade, sustentabilidade e inovação tecnológica-Xinhua

Parceria agrícola sino-brasileira avança em 2025 rumo à diversidade, sustentabilidade e inovação tecnológica

2025-12-28 19:31:45丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 28 dez (Xinhua) -- Em 2025, a parceria agrícola sino-brasileira ganhou novos contornos. A cooperação evoluiu do comércio tradicional de commodities para um intercâmbio de produtos mais diversificado e uma atuação mais sustentável e integral na cadeia produtiva, além de avanços significativos na colaboração em tecnologia agrícola.

Consolidada como um pilar do comércio com a China, a sua principal importadora há cinco anos, a cadeia da carne bovina brasileira avança agora na agenda da sustentabilidade.

Em dezembro do ano passado, o governo brasileiro lançou o "Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos", exigindo a rastreabilidade integral mediante identificação individual com brincos eletrônicos e um arquivo digital vitalício para cada animal.

Segundo Qian Jingfei, pesquisadora do Instituto de Economia e Desenvolvimento Agrícola da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (CAAS, na sigla em inglês), esta medida ajuda a atender aos requisitos do mercado chinês. Em julho de 2024, os dois lados chegaram a um consenso de alcançar total visibilidade da cadeia de abastecimento por meio de uma plataforma global padronizada de rastreabilidade da carne bovina.

"É um primeiro passo muito positivo e que sinaliza vontade política de promover o avanço da pecuária brasileira para atender a mercados e melhorar a performance sanitária e potencialmente socioambiental", afirmou Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola.

Com a abertura do mercado de vários produtos às exportações brasileiras nos últimos anos, o comércio bilateral apresenta uma expansão da gama de produtos agrícolas, incluindo sobprodutos do etanol de milho, gergelim e insumos para bebidas, como café e frutas.

Em maio de 2025, a China abriu o mercado para os sobprodutos do etanol de milho, conhecidos como DDG e DDGs (grãos secos de destilaria), utilizados na alimentação animal. "Esta é uma excelente notícia. A abertura do mercado chinês para o DDG é extremamente significativa", disse o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin.

Em agosto, o número de empresas do estado brasileiro de Mato Grosso autorizadas a exportar gergelim para a China aumentou de 8 para 20, um salto de 150%, representando 32,7% do total de empresas brasileiras habilitadas a vender o produto ao mercado chinês. Com esse aumento, o número total de empresas no Brasil autorizadas a exportar gergelim para a China quase dobrou, passando de 31 para 61.

Na indústria do café, o volume de importações de grãos de café brasileiro pela China continua a aumentar. A gigante chinesa de café, Luckin, assinou em novembro de 2024 um memorando para comprar 240 mil toneladas de café brasileiro em cinco anos, avaliadas em US$ 1,42 bilhão. "Com o consumo de café ainda em uma fase de adoção acelerada, o mercado de café da China permanecerá em um período estratégico de rápido desenvolvimento", diz Guo Jinyi, CEO da Luckin Coffee, em uma entrevista à Xinhua.

Em maio de 2025, o grupo chinês Mixue, outra gigante no setor de sorvetes e chá, assinou um memorando com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), planejando investir e adquirir no Brasil, nos próximos 3 a 5 anos, produtos incluindo grãos de café e frutas, num valor total não inferior a US$ 569 milhões. A empresa também divulgou a inauguração da sua primeira unidade em São Paulo, lançando paralelamente a construção de uma fábrica para a cadeia de suprimentos, com o objetivo de formar um "ciclo fechado de produção e vendas localizado".

Para além do crescimento volumoso, a cooperação ganha profundidade através do intercâmbio cultural. Para saudar a chegada do "Ano da Cultura China-Brasil", a Luckin, em conjunto com a ApexBrasil e outras partes, lançou o "Festival da Cultura do Café do Brasil 2.0" na China. Contando com diversos projetos, como o estabelecimento do Museu do Café Brasileiro, salões de degustação profissional com campeões mundiais do WBC e o programa Viagem Global pela Busca de Grãos, o festival apresenta de forma abrangente a história, as técnicas de produção e as memórias por trás do café brasileiro aos consumidores chineses.

Ao mesmo tempo, a cooperação agrícola bilateral se estende à colaboração em tecnologia agrícola. Uma pesquisa liderada pelo pesquisador Hu Xiangdong, diretor do Instituto de Economia e Desenvolvimento Agrícola da CAAS, notou a necessidade de pequenos agricultores brasileiros, que enfrentam desafios como baixa mecanização e escassez de mão de obra, por máquinas agrícolas de pequeno e médio porte com custo-benefício e de fácil montagem e operação.

Para responder a esses desafios, a Universidade Agrícola da China (UAC) estabeleceu, em novembro de 2024, em colaboração com parceiros brasileiros, Residências de Ciência e Tecnologia China-Brasil sobre Mecanização Agrícola Familiar. No último ano, a iniciativa promoveu a aplicação de máquinas e o intercâmbio de tecnologias.

"Residências de Ciência e Tecnologia China-Brasil sobre Mecanização Agrícola Familiar traz novas esperanças para agricultores brasileiros," comentou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira.

No âmbito desse projeto, a UAC tem enviado estudantes ao Brasil para ajustar os parâmetros dos equipamentos conforme variedades de cultivos e condições locais, assim como capacitar produtores locais no manejo de máquinas agrícolas chinesas. Além das máquinas agrícolas, um sistema de gerenciamento de big data para produção agrícola familiar, desenvolvido autonomamente pela China, está ajudando os trabalhadores das propriedades familiares a monitorar em tempo real o desenvolvimento das culturas, as condições meteorológicas e a umidade do solo.

"Com a ajuda da mecanização agrícola e das residências, a eficiência na produção de alface e coentro em Apodi aumentou 6 a 7 vezes, e a renda familiar dos agricultores subiu quase 80%", afirmou Yang Minli, professora da UAC e especialista do projeto.

Os dois lados já acumularam experiência prática relevante, disse Yang, acrescentando que a tarefa crucial atual é atender às demandas da agricultura familiar e impulsionar a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação de equipamentos mais adequados às características e necessidades da produção em pequena escala.

Olhando para futuro, Adriana Lobo, diretora-geral de Presença Global e Ação Nacional do Instituto de Recursos Mundiais (WRI), destacou durante um evento da COP30 deste ano que China e Brasil compartilham uma visão de desenvolver cadeias agrícolas de baixo carbono e resilientes às mudanças climáticas, enquanto a cooperação bilateral tem o potencial de se tornar um modelo global na cooperação Sul-Sul. Fim

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